segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Zero

NASCAR é um tipo de corrida de automóvel que poucos gostam e, menos ainda, entendem. Quarenta e três carros correndo em círculos nos Speedways americanos em disputas que duram três horas, quando rápidas. Para quem não tem intimidade com as "coisa tudo" trata-se de um bom sonífero. Tal qual um jogo de futebol para mim. 

Minha primeira corrida de NASCAR in loco foi em 2009. Depois disso, fui em outras quatro. Dos meus amigos, Zero é um que compartihava essa pequena excentricidade. Pegar um avião, descer na América, assistir o espetáculo e voltar para casa, feliz da vida. Anderson, apelido Zero, elevava isso a um nível mais prazeroso ainda. Das vezes que falei com ele, me disse que nas últimas corridas estava levando seu pai consigo. Que bacana, hein!? Apreciar a dedicação do povo americano em proporcionar espetáculos circenses (do tipo Circo do Seu Léo, é a que me refiro. Coisa de primeira) na companhia do pai. É aquele negócio do pai que leva o filho para o campo de futebol para assistir ao seu time preferido. Como diz aquele cartão, não tem preço.

Lembro que em um dos meus aniversários (foto) ficamos batendo o maior papo sobre o assunto. Eu o apelidei, por conta própria, de Tony Stewart, tamanha a semelhança física dele com o Smoke. "Deve ser dai que veio o gosto pela NASCAR, né Anderson?". Dava aquela risadinha marota e desconversava. Ele sabia que era parecido com o corredor de carros.  

Conheci o Anderson em um dos churrascos patrocinados (mas cada um paga o seu! E levem beer!) por nosso amigo Diogo. Como acontece com todos desse círculo, empatia imediata. E porque? Porque no dia que o conheci ele estava usando uma camisa do Smoke. O assunto NASCAR, inevitavelmente, acabou por polarizar nossas conversas sempre que nos encontrávamos. Encontros esses que acabaram, uma outra vez, na minha casa e na dele. Ele faz aniversário em dia próximo do da minha esposa. Acabamos nos ligando algumas vezes e em duas oportunidades ele me convidou para ir à sua casa comemorar as bodas. Uma vez eu fui. Conheci seu pai e o Landau amado. Mesmo não nos vendo sempre, o sentimento de amizade fica. E sempre que assisto uma corrida de NASCAR, em algum momento vem aquele lampejo de lembrança do Anderson, que devia estar fazendo o mesmo.

A cerca de uma semana, mais ou menos, recebemos a notícia do falecimento de seu pai. Lutava contra um câncer e contraiu essa merda do COVID. Acabei não ligando para ele (mea culpa), mas fiz minha introspecção.

E hoje a triste notícia de seu falecimento. Um baque, tenho que admitir neste momento em que digito. O dia passou no frenesi de sempre e, agora, em casa, me dou conta de todas essas lembranças.

Com seu pai, nosso amigo Anderson foi acompanhar corridas de NASCAR em outras paragens. 

Só os dois, como ele sempre fazia quando aqui conosco.