quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Londres 2012

Essa nossa vida corrida do caramba, faz com que não tenhamos mais tempo de acompanhar com a atenção devida as Olimpíadas. 
Posso dizer que a última edição dos Jogos Olímpicos que assisti "direto", como dizem, foi a de Seul, em 1988. Na época tinha 14 anos e, além de estudar de manhã e ficar no escritório do meu pai à tarde, não tinha mais muita coisa para fazer. 
Esse ano, tenho assistido às modalidades pela manhã, antes de sair de casa para o trampo. E, também, alguma coisa pela internet. Legal esse negócio de poder ver tudo just in time, né? 
Aforante as modalidades, gosto de acompanhar o quadro de medalhas, só prá ver o vareio que o Brasil leva. E que sempre levará.
Explico.
Hoje o selecionado brasileiro está na 18º colocação, com 1 medalha de ouro, que é o que conta para o ranking. No total tem três, uma de cada cor... A China está em 1º com 17 medalhas douradas e 30 no total.
Daí que dando uma olhada nos sites que estão noticiando tudo sobre as Olímpíadas comecei a traçar um paralelo (chique, eu) entre a evolução do Brasil e da China na tábua de medalhas. 
Vou usar como marco inicial as Olimpíadas de Seul, de 1988. Naquele ano a China encerrou os Jogos em 11º lugar com 5 medalhas douradas. O Brasil foi o 24º, com uma. No quadriênio seguinte, em Barcelona, a China subiu para a 4ª colocação com 16 medalhas de outro. O Brasil caiu uma. 25º, com duas de ouro. Passaram-se mais quatro anos e chegamos, em 1996, à Atlanta (bela cidade, diga-se. Existe um parque, o Centennia Olympic Park, que foi construído para homenagear os 100 anos dos Jogos Olímpicos Modernos (que começaram em 1896 na Grécia)). Coincidentemente a China terminou em 4º lugar, com "16 ouros" e o Brasil no mesmo 25º, com 3 medalhas áureas.
Saímos de Atlanta (quando você for para lá não deixe de conhecer o Mundo da Coca-Cola), e vamos para Sidney, Austrália. China melhora uma posição, agora é 3º e com 28 medalhinhas amarelas e o Brasil cai mais uma vez. Cai, não, despenca para o 52ª posto com zero medalhas de ouro. Mais quatro anos e chegamos à Grécia novamente. China sobe, agora, para o 2º lugar (32 medalhas sempre de ouro) e Brasil vai para a 16ª colocação, com 5 insígnias douradas. Em 2008 os Jogos Olímpicos da Era Moderna foram na própria China. O país sede terminou a peleja em 1º lugar, com 51 medalhas de ouro e o Brasil caiu de novo, para 23º, com "3 ouros". 
E qual a conclusão que tiramos disso tudo? Que o Brasil nunca, nunca mesmo, terá chances de estar entre os top 5 em número de medalhas nos Jogos Olímpicos. 
Vejam: a China começou a competir em Jogos Olímpicos a partir de Los Angeles, em 1984. Antes disso, alguns atletas participaram das Olimpíadas entre 1952 e 1976, mas apenas representando a Ilha de Taiwan. Já o Brasil participa de Jogos Olímpicos desde 1920, só não competindo em 1928.
O que há de errado? O Brasil não é o fodão do mundo, o país que menos sofreu com a crise, o sonho de consumo de qualquer investidor? Bom, em relação a esse negócio da crise, vamos nos foder logo, logo. Já tem inflação batendo na porta, a taxa de inadimplência está alta, desemprego atormentando a turma. 
O que está errado é a falta de investimento em educação, cultura e esporte. Claro que a falta de vontade do povinho também ajuda. Brasileiro é indolente por natureza. Mas, ao contrário, se tiver o mínimo de esforço do governo em investir nesses três pilares básicos, creio que ainda assim haverá uma luz no fim do túnel. Não tem atletas oriundos da Cidade de Deus que estão nos jogos em Londres? Tem. É um exemplo.
Um país que pretende ser sério e pujante em todos os setores (educação, saúde, segurança, esporte, cultura, etc.) e não só na economia, como a merda do governo se gaba, tem que investir, carai! Se não investir no esporte e educação nunca em tempo algum poderemos sonhar com mais medalhas do que temos ganho. Na média de duas por Jogos. E sem levarmos em conta que mantendo essa piazada desocupada, ocupada (sic), as tiramos dessa vida de crimes, drogas e desolação que levam. Só tem vantagens!
Ontem em um programa do SporTV que o Galvão Bueno apresenta - e onde bateu boca com um dos apresentadores - entrevistaram o Marcus Vinícius Freire, medalha de prata no vôlei em 1984 e, hoje, Superintendente Executivo do COB. Putz, que idéias boas o cara tem para 2016. E, certamente, tem uma boa equipe lhe dando suporte. O problema é que por trás deles tem o governo. E o governo, meu amigo, e as pessoas que dele fazem parte, é sujo e vai fazer de tudo para tirar "o seu" nas Olimpíadas de 2016.
Enquanto governante no Brasil não deixar de ver mandato como profissão, não chegaremos a lugar nenhum. Pelo contrário, nos afogaremos mais e mais no fundo do poço.
Uma pena.



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