terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Não sou só eu

Para que ninguém ache que sou só eu o descontente com a extinção do SPEED e o desserviço que o FOX SPORTS tem prestado, transcrevo aí embaixo, na íntegra, o texto do jornalista Erick Gabriel do portal tazio.com, publicado hoje, 11/12/2012, a 10 dias do fim do mundo.
E, caso o mundo não acabe dia 21, infelizmente as perspectivas para 2013, em relação à transmissão da NASCAR no Brasil, também não são das melhores...


"Como prometido, dedicarei esse post a situação da Nascar com a TV que detém os direitos de transmissão das corridas. A intenção aqui não é declarar guerra ou desrespeitar os profissionais que trabalham no Grupo Fox no Brasil. Postura essa que todo o público deveria adotar, mesmo não tendo a Nascar o tratamento devido. Discordar é natural e necessário, mas desrespeitar as pessoas, nunca.
Em qualquer lugar no mundo, incluindo o Brasil, a televisão tem uma importância gigantesca na disseminação da cultura esportiva. Sem fazer nenhum esforço mental, ela foi importantíssima na evolução do vôlei, com a TV Bandeirantes e ainda é importante no sucesso do futebol americano, com a ESPN. Lembrando que nesse último caso estamos falando de um esporte com regras complexas e com ausência de brasileiros na linha de frente da NFL. Sem o bom tratamento da TV, jamais o mercado desses esportes cresceria por aqui. Um exemplo disso é como o Super Bowl mobiliza bares e restaurantes das principais capitais brasileiras.
A Nascar não contém regras complexas e hoje possui um início de entrada de brasileiros com talento o suficiente para incomodar os americanos mais tradicionalistas. A categoria passou por algumas emissoras de TV fechada sem sucesso e foi parar em 2006 no Speed, comandado pelo Grupo Fox. Na linha de frente, juntando talento e energia, estavam entre outros Sérgio Lago e Roberto Figueroa. Ali eles eram mais do que narrador e comentarista. Eles tocavam o canal de maneira esplêndida mesmo contando com recursos escassos. O resultado disso, sem a pressão obsessiva por um bom Ibope, havia um elemento importante: a fidelização do público. O amante do automobilismo encontrava ali seu refúgio, seu abrigo, e a maior atração era justamente a Nascar.
Mas parece que a experiência do Speed para a Fox (mundial) não é de grande rentabilidade, e isso eu entendo completamente. Como convencer uma grande empresa a investir altas cifras num canal que terá boa audiência somente nos finais de semana, quando se pratica o automobilismo, diferentemente de outros esportes que contam com uma programação nobre também durante a semana.
Aí, juntaram a fome e a vontade de comer. Canal Speed já sendo olhado de lado e um projeto ensaiado há anos da entrada do Fox Sports. Tudo parecia perfeito, já que o Speed estava nas grades da maioria das operadoras do Brasil.
A maneira que o novo canal de esportes entrou não foi das mais tranquilas. Com o início da Taça Libertadores da América desse ano, o Fox utilizou seu público numa das maiores chantagens televisivas da história do Brasil. Pediam para as pessoas ligarem e exigirem o Fox Sports, que passara com exclusividade o campeonato de futebol mais importante da América do Sul. Convenhamos, não foi uma maneira amigável de se começar algo.
Voltando para a Nascar, no início havia a preocupação de como ficariam as transmissões da categoria no Fox. Esta coluna tentou inúmeras vezes respostas oficiais da emissora com a indagação de como ficaria a fase final do campeonato, tendo nos mesmos horários jogos de futebol que acabaram de comprar direitos. Jamais deram respostas diretas, como as perguntas, sempre se esquivavam ao perceber que desagradariam os fãs da Nascar.
Enquanto os campeonatos europeus não começavam, a Nascar serviu com maestria na cobertura da grade do canal, já que este ainda não tinha um volume de atrações que segurasse as 24 horas no ar. Com corridas com duração média de 2 horas e meia, a Nascar caiu como uma luva.
Aquilo que era previsto aconteceu. No momento mais importante do campeonato as corridas não eram transmitidas ao vivo. Infelizmente algumas pessoas perderam a educação – se é que algumas delas a possui – e se iniciou ataques pessoais a profissionais que nada tem a ver, como o Sergio lago e agora Thiago Alves. Lamentável.
Mas a direção do Fox não poderia ter feito o que fez. Jamais os fãs da Nascar poderiam ter tido o tratamento que tiveram. É compreensível que alguns jogos de futebol trariam muito mais audiência ao canal, mas as corridas poderiam muito bem ser transmitidas em outros canais do grupo, como o FX, prática essa que se faz sem cerimônia nas copas Libertadores e Sulamericana. Quem acompanha o automobilismo teria que se submeter ao streaming, sob o risco de estar em sites maliciosos, que danificasse seu computador.
Será que tudo se resume a audiência na TV fechada também? Por que não cultivar um público, fidelizá-lo, tratá-lo bem e colher os louros da vitória daqui alguns anos quando todos entenderiam como a Nascar é apaixonante. Para isso, temos os exemplos citados acima do futebol americano e do vôlei. O dinheiro viria, basta querer trabalhar para isso.
Algo que parece que os profissionais de alto escalão de TV não sabem é que público não fidelizado vai embora de seu canal assim que outras atrações estão em outros canais. A filosofia do Fox Sports difere da que havia no Speed e difere de muitas outras das TVs por assinatura. A intenção não é conquistar o público, e sim alocar audiência. Simplesmente tirar de um lugar para colocar em outro. Isso foi notório nos casos do futebol. Você olha nos créditos que sobem ao final de cada atração e observa nomes que atuaram durante anos na Rede Record, quando a TV do bispo transmitia o futebol brasileiro, numa guerra de audiência com a rede Globo de televisão.
Caro leitor, você acredita que os conceitos trazidos da emissora aberta seriam modificados quando estes entram na TV fechada? Acredito que não. Elas podem sofrer poucas modificações, mas a essência permanece. O resultado disso foi o alijamento de muitas provas importantes da Nascar e a interrupção de um trabalho extraordinário feito pelo pessoal de Los Angeles pelo canal Speed. Além de interferir diretamente no desenvolvimento da Nascar no Brasil.
Vamos “torcer juntos” para que em 2013 a Nascar tenha o destaque que merece e que cresça no mercado brasileiro. Os brasileiros estão em plena evolução, atraindo aqueles torcedores pachecos. No Fox Sports ou em outra emissora, há um produto com potencial maravilhoso, que bem cuidado, trará resultados satisfatórios a médio prazo, no mínimo."

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