domingo, 13 de maio de 2012

Eu fui!

- Quer ir no jogo?
- Não sei. É sério?, respondo e pergunto ao mesmo tempo, olhando meio em dúvida para meu cunhado.
- Quer ou não quer? Tenho mais um ingresso aqui comigo, pergunta meu amigo.
- Vamos, apoia o irmão de minha senhora.
- Então eu vou. Valeu, cara!
E foi assim que hoje fui no meu primeiro Atletiba, no Couto Pereira. Como foi dia das mães, fomos todos almoçar na minha sogra. Depois de todo o rega-bofe, levamos, eu e minha senhora, meu cunhado para o estádio, já que moramos perto. Como em dia de jogo sempre gostei de ir na frente do Couto para tomar uma gasosa e comer um espetinho para apreciar o movimento, acompanhei meu cunhado até o portão de entrada. E eis que, justo naquele momento, surge meu amigo com seus dois filhos. Conversa vai, conversa vem e acabei entrando.
Para quem acha que eu nunca havia entrado em um estádio, ledo engano. Mesmo que não seja fã de futebol, até acho legal assistir in loco, uma vez a cada dois anos, em média. É mais ou menos a mesma impressão que minha esposa tinha de corrida de automóvel até quando a levei para assistir sua primeira. "Ao vivo é outra coisa", diz ela. "Ao vivo é outra coisa", digo eu em relação ao futebol.
Clássico é diferente já na entrada. A revista parece ser mais minuciosa. A única coisa que o cara conseguiu achar me apalpando foi a chave de casa. "Tá liberado".
Dentro do estádio o clima também é outro. A torcida do Atlético lá num cantinho e aquele mundaréu de gente de verde parecendo engoli-la. Quando os caras ensaiavam um "coxarada...", e algo na sequência que eu não entendi direito, não dava tempo nem para começar o "coxa..." que a torcida alvi-verde tratava de abafar todo e qualquer ruído vindo daqueles caras vestidos de vermelho.
Aprendi vários hinos. Não sei cantar nenhum, mas parece que ficam martelando na cabeça. Se ouvir alguém sussurrar algo parecido, já pego o ritmo.
Também lembro de ouvir alguns palavrões. Coisa pouca, óbvio. As torcidas se respeitam bastante e o máximo que se ouve é "seu bobo", "feio", e coisas do tipo. Alguns, todos pimpões, pegam uma folha de papel, amassam-na e arremessam contra seu adversário dizendo "olha que eu te machuco! Te jogo uma pedra!". Uns queridos, mesmo.
E eis que começa o clássico. No tempo normal, 0x0. E esse placar gera a ira dos torcedores. Ao menos os que estavam em minha volta. Não sei como se portaram os outros tantos vinte e poucos mil - ouvi na radiola do estádio que foram vinte e três mil, seiscentos e cinco pagantes e um que não pagou...
Acho engraçado de ver. Caboco xinga mesmo! Xingam o árbitro, o goleiro do time adversário, o Paulo Bayer, o Guerrón. Será que eles escutam? Pelo tamanho do gritedo, acho que não. É muita gente falando ao mesmo tempo. E se escutam, fingem ignorar.
Observei que tem uns torcedores que ficam nervosos com o negócio todo. Tinha uma menina atrás de mim que, quando terminou o tempo regulamentar, começou a chorar. Imagina se o Coxa me perde o título na cobrança da penalidade máxima! Vixe, ia ser um chororô danado dessa moça!
Mas também tem os comedidos. Ao lado do meu cunhado tinha um senhorzinho de uns setenta anos, sozinho, que só observava. Não xingou uma vez sequer! Nem um "uhhh", quando a bola passava perto da trave, se ouvia do tiozinho. O negócio dele era torcer para si, torcer por dentro.
Bem diferente do rapaz, na casa dos vinte e poucos, que gritava a plenos pulmões palavras de incentivo ao time e que estava na fileira da frente. Volta e meia ele virava para a torcida adversária e dava um tchauzinho. Meio diferente, o tchauzinho, já que ele não abria a mão toda, mas só o dedo médio... Um amor de pessoa, não?
E as mulheres? Homem xingando já é uma coisa feia que preste. Agora imagina mulher indo na mesma toada. Parece que deixaram tocar as trombetas do inferno!
Terminados os chutes a gol, Coxa se sagra campeão (tri) do paranaense com um placar de 5x4. O herói do jogo foi o goleiro, Vanderlei. Mas o mártir do Coritiba, pelo que entendi, é o Tcheco. O cara é amado pela torcida. 
Quanto à torcida do Atlético, lhe restou sair do Couto Pereira sob agradáveis hinos e palavras de apoio vindas da torcida Coritibana (existe?). Esse clima de apoio mútuo é que é bonito no estádio, não?

5 comentários:

  1. Que legal Estevão! Parabéns pelo blog. Seus textos são muito descontraídos e legais.
    Quero muito um dia podermos levar todos juntos, Robson, Eu, Você e Fernanda o Fefê assistir um clássico destes aí no Couto. Ele já amou aquele dia que assistiu a um jogo básico...hehehe
    Imagina ver toda essa gente gritando Coxaaaaa! Ele vai amar e eu que nem gosto de Futebol me empolguei em ler seu texto, até marejei os olhinhos! hehehe sou chorona mesmo! kkkkkk

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    1. Oi Fabi!
      Puxa, nem me fale. Será bem legal. Vamos ficar de olho no calendário e marcar um clássico. Vai ser bacana.
      Quanto o blog, obrigado pelas palavras. Sempre acompanho o de vocês também. Aliás, já tá na hora de colocar mais umas fotinhos, hein??hehehehe
      Abraços a todos!

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    2. Estevão,
      Esta noite coloquei as ultimas fotos da viagem a Buenos Aires e mais 2 posts, um deles de uma série que inicio hoje... pode acompanhar!
      Há, andei recomendando seu blog no meu twitter, espero que não tenha problema!
      Abraços.

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    3. Oi Fabi. Já vou visitar o "familiaporai". Quanto a recomendar esse blog aqui, fique à vontade!
      Abs.

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  2. Muuuuuuito bom! Agora se eles jogam uma pedra eu molho o dedo e afogo todos!

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